sábado, 19 de fevereiro de 2011

O espelho de Rosa

Devia ou não devia contar-lhe, por motivos de talvez. Do que digo, decubro, deduzo. Será, se? Apalpo o evidente? Tresbusco. Será este nosso desengonço e mundo o plano - intersecção de planos - onde se completam de fazer as almas?

Se sim, a "vida" consiste em experiência extrema e séria; sua técnica - ou pelo menos parte - exigindo o consciente alijamento , o despojamento, de tudo o que obstrui o crescer da alma, o que a atulha e soterra? Depois, o "salto mortale"... - digo-o, do jeito, não porque os acrobatas italianos o aviventaram, mas por precisarem do toque e timbre novos as comuns expressões, amortecidas... E o julgamento-problema, podendo sobrevir com a simples pergunta: - "Você chegou a existir?"

Sim? Mas, então, está irremediavelmente destruída a concepção de vivermos em agradável acaso, sem razão nenhuma, num vale de bobagens? Disse. Se me permite, espero, agora, sua opinião, mesma, do senhor, sobre tanto assunto. Solicito os reparos que se digne dar-me, a mim, servo do senhor, recente amigo, mas companheiro no amor da ciência, de seus transviados acertos e de seus esbarros titubeados. Sim?


[O espelho]


ROSA, João Guimarães. Primeira estórias. 1 ed. especial. RJ: Nova Fronteira, 2005.    

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